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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Metade de mim!

Que a força do medo que tenho não me
impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda,
ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada,
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida
e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas
como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que
resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme
na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corroe por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso
e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste,
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso
que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar porque é preciso
simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia
e a outra metade, a canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também.


Oswaldo Montenegro

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