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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Noite Íntima

Há certa lucidez na noite de insônia -
Forma luminosa deslizando nas cortinas
Uma face pálida à janela surge
E um leitoso jorro desce das vidraças.

Esqueço o medo, as trevas são lânguidas
Lascivas tal um momento de desejo
E quero banhar-me em leite farto
Clarear minha íntima obscuridade.

‘ desperto adormeço dentro os temores
na minha noite idolatro o Segredo.’

Quero banhar-me no jorro deste seio
Lúcido na escuridão sinto o pulsar
De pesadelos obscenos a torturar-me
Em gemidos de selvático gozo.

Quero banhar-me, nutrir-me todo
No visgo gotejante das trevas
Quando, do eclipse da lua, desce
O manto de escura noite.

‘ mas eu, nos pesares profundos,
devo retornar aos ermos de mim.’

Campinas desconhecidas de mim
Onde lentamente vicejam orquídeas
A sugarem ávidas outros desabrochares
Lá no abismo de meus risos.

Na cantiga que ao luar ecoa,
Além do pensamento e do silêncio,
Na embriaguez do mal que aí habita,
Com olhos fechados procuro o Sentido.

Ewerton H. Marschalk

1 comentários:

Beeh M. disse...

A escuridão nos cega e aguça nossos ouvidos, permitindo-dos melhor audição à nossa própria razão.

=)