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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Essa noite sonho contigo sem dormir.

"A noite enorme
Tudo dorme
Menos teu nome."


Essa noite sonho contigo sem dormir.

É uma noite bela. Levemente fria com um céu estrelado e negro azulado como se fosse uma única e sublime nuvem cristalizando e prendendo todas as minhas vontades brilhantes e inalcançáveis. Noite comum de um sábado onde todos são noctívagos procurando por algo que nem sabem o quê.
Eu não sei o quê busco e nem me importa saber.

Em mim há apenas o arder solitário e ígneo que desperta quando estou a sonhar acordado durante a noite... e nessa noite que escrevo,que já não é mais essa, sonho contigo em vestes de fogo vindo abraçar-me, queimando meu espírito com sua respiração forçada enquanto permaneço a tentar com todos os esforços manter meus olhos abertos para esse mundo de futilidades que habita meu redor; meu redor que se resume numa massa grande e uniforme de vermes inquietos que espreitam por uma oportunidade de roerem meus ossos.
Ah, queria eu ser mais um desses que alimentam-se de si mesmos! Queria eu não sentir essas coisas que assombram e fazem de mim uma espécie quase que impossível de criatura abstrata consciente e exacerbadamente apaixonada por... vida? Por morte? Por dor?... Não sei. Eu não queria sonhar; mas sonho.

Sua chama protege todo o campo a minha volta e me mantêm livre daqueles que não têm alma. Sua presença em minha solidão se faz como um refúgio. Sim um refúgio, pois é isso que é necessário quando não resta mais nada além do sonho desperto; mas o lugar onde me resguardo é o mesmo lugar onde me deterioro; culpa talvez de suas vestes chamejantes que me queimam, me ardem, consomem e fazem de mim pó; um punhado de cinzas esparsas pelo vento vazio de uma noite onde não há você... há apenas o devanear-te. Não aventurar-te... não viver-te... devanear-te em mim apenas.

O manto que cobre o resquício de razão presente dentro da madrugada é grande demais e não permite entrada de luz alguma. Esse manto deveria aquecer Nefelins mas está a encobrir uma estúpida razão anã. Melhor assim, penso eu, pois é desse modo que sonho contigo sem dormir, e sonho sem sono inevitavelmente é obscuro e misterioso... a verdade está sentada no meio enquanto estou andando em círculos. Quem disse que quero parar de andar em voltas? Quem precisa de alguma luz quando há fogo exterior para nos iluminar, salvar e destruir?... Quem precisa do universo quando há um olhar cósmico a sondar os devaneios vertiginosos de uma mente e um coração em caos?
Sonhando contigo sem dormir as palavras já começam a perder o nexo. Já não sei mais o que escrevo nem sei distinguir o que penso do que deixo transbordar nessas linhas irracionais... só sei, porque sinto vivamente o ardor, que você me queima com suas vestes de fogo. O fogo... o fogo... é oriundo da minha maldição de ser consciente de nossas quedas em pânico, em duvidas, em silêncios mais ruidosos que as mais agonizas almas do purgatório ...
Sonhando contigo sem dormir me desfaço em milhões de pedaços, me desintegro e sem perceber desmaio com sede enquanto me concedes fogo. E é assim, comigo em migalhas, que o fogo de suas vestes transforma-se num oásis a encharcar meus pensamentos. A calmaria de nefelibata se apossa de meu corpo que já não sinto mais... alto demais o vento gelado não permite que eu durma para sonhar contigo. O frio congela a água que teu oásis usou para me curar... O gelo arde mais que o fogo de outrora. Os lampejos de seu corpo são fiapos agudos congelados apunhalando meu coração.
Sinto dor e não sei mais onde. Já não sonho mais contigo sem dormir; já prevalece apenas o frio da incerteza; já não há mais suas vestes flamejantes...
Sem dormir e sem sonhar vejo a sua humanidade congelando meu coração.

Meu coração é um sol sem vida e congelado. Não será mais quando novamente você invadir meus sonhos e me aquecer com suas roupas ígneas.

De volta, olho com olhar desconfiado o mundo ao meu redor, sem proteção, sem fachada e infestado por vermes; de volta, vejo o sol nascendo para mais um domingo sem sentido e sem vida. As pessoas voltam para a casa. Meu rosto pulsa por causa dos cigarros e do café que usei intensamente enquanto sonhava contigo. A razão se despe...
E, sem sonhar, me emaranho em meio à ausência e o nada.
Parece que será para sempre assim.

2 comentários:

Beeh M. disse...

A pessoa que te inspirou deveria sentir-se feliz por fazê-lo desprender estas palavras que a tanto em seu colo adormeceram...

Este sonho que não deixa de ser sonho... Esta realidade que teima em continuar matando este desejo... Este desejo de não estar só para mim...

Amando sempre, sempre...!

PS: Percebi que apostou nas narrativas hoho'

EwertoN disse...

então sinta-se feliz *-*
pois esta pessoa é você
minha fonte de inspirações *-*

e sim... apostei nas narrativas... pra da uma variada e sai algo u.u