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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Primeiro capítulo de um livro que não continuará

Noite. Ninguém poderia ao menos desconfiar o que se passou, pois o véu da noite encobrira seu crime. Suas mãos cheiravam sangue, em seu rosto uma feição inocente. Ia embora pra casa procurando sempre a escuridão. Chorava, apesar de tudo, ele chorava. Precisava colocar todo aquele sentimento no papel, desabafar para uma folha em branco.
Abriu a porta, velas já se acabando esperavam por ele. Sentiu-se triste, sozinho. Não precisava ter feito aquilo, se sentia arrependido. Trancou a porta, se deixou desabar no chão, se deixou cair pelas lagrimas. Sabia que daqui a poucas horas suas lágrimas estariam tirando gargalhadas dos demônios no inferno.
Foi rastejando até a cozinha, sua dor era tão imensa que não o deixava ficar em pé. Gemia de dor, meu Deus sou um monstro! Puxou a gaveta, todos os talheres se espatifaram pelo chão. Cadê ela?, perguntava tateando o chão. Cadê a porra da...? Achara sua procurada, elegante, perfeita. Ele a beijava como se fosse sua amada, a lambia como se estivesse provando sua pele. Cortava sua língua e de prazer gemia. Gelada, percorreu seu corpo, tão delicadamente, tão dolorosamente. Da boca devagar inundava seu pescoço, inundava seus braços, queimava seus pulsos.
- me queime..., me inunde com a morte...
Levantou-se, pegou um copo e deixou toda sua dor escorrer pra dento dele. Estaria insano? Não, insanidade foi o crime que cometera, foi o deslize que poderia ser consertado. Foi para o quarto, pegou sua pena e com sangue começou a escrever. E não iria parar até que não houvesse mais tinta para sua história continuar.

1 comentários:

Beeh M. disse...

Oi Ewe!
Nossa seus poemas estão cada vez mais brilhantes!
E você, como sempre, escrevendo maravilhosamente bem *-*
Li, reli e vou continuar acompanhando suas postagens.

Por sua maior fã...