Vestido preto com detalhes que lembram sangue
Ela parou na sacada de seu castelo ante as colinas
E com os olhos repletos de lágrimas, utilizou de um breve aceno
Aceno que naquele instante representava uma dor inefável
Uma dor de quem perdia seu amor para um evento terrível deste mundo
De quem perdia seu amor para a guerra
Durante incontáveis noites de solidão nos aposentos gélidos de seu castelo
As paredes soturnas contemplaram o triste murmurar da esposa em confortante compreensão
Durante intermináveis anos, repletos de intermináveis dias de dor e esperança
Este antigo castelo que guarda memórias cujas lembranças são tão belas como as rosas que compõem seu tão bem cuidado jardim, presenciou...
Presenciou a esposa despertar imaginando o rústico portão ranger com a entrada de seu amado marido
E adormecer, sonhando ser acordada com seus carinhos e palavras que sustentavam sua vida com luz de proporções descomunais
Muitos anos se passaram e as noites tornavam-se cada vez mais tenebrosas
Seu desespero, falta de compreensão e necessidade de amor aumentavam gradativamente
A esposa não tinha controle de mais nada, as rosas em seu jardim dormiram para sempre em um estado de morte que neste dia taciturno compunha os arredores de seu castelo com uma atmosféra de terrível solidão
A esposa caminhou para fora do castelo, entre as árvores escuras e retorcidas da floresta, tropeçando em pequenos galhos e caindo desprovida de forças na neve
Com esperanças de encontrar seu amor perdido na floresta e em completo estado de alucinação, num sono que a enxia de sonhos que se misturavam com a realidade em alguns instantes
Os lobos uivaram ao ouvir o impacto de seu corpo petrificado na neve.
Com um coral que se misturava com o doce soprar do vento
Contemplaram uma luz erguendo-se na floresta, que seguiu até o horizonte, onde encontrava-se a alma de seu marido
E coberto de neve, seu corpo, assim como o de seu marido, deixou de existir com o passar dos anos, mas o amor insólito do casal, permaneceu em todos os lugares durante a eternidade, durante o infinito passar das eras.
Ewerton Henrique Marschalk
"The Sing Painter"
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Murmurar da Esposa
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário